segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Outras Palavras

Quando as palavras de outrem nos servem muito bem:


> Folha de São Paulo
> CONTARDO CALLIGARIS
>

As turbas têm um ponto em comum: detestam a ideia de que a mulher tenha desejo próprio

NA SEMANA passada, em São Bernardo, uma estudante de primeiro ano do curso noturno de turismo da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) foi para a faculdade pronta para encontrar seu namorado depois das aulas: estava de minivestido rosa, saltos altos, maquiagem -uniforme de balada.
> O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula e se aglomeraram numa turba: xingaram, tocaram, fotografaram e filmaram a moça. Com seus celulares ligados na mão, como tochas levantadas, eles pareciam uma ralé do século 16 querendo tocar fogo numa perigosa bruxa.
> A história acabou com a jovem estudante trancada na sala de sua turma, com a multidão pressionando, por porta e janelas, pedindo explicitamente que ela fosse entregue para ser estuprada. Alguns colegas, funcionários e professores conseguiram proteger a moça até a chegada da PM, que a tirou da escola sob escolta, mas não pôde evitar que sua saída fosse acompanhada pelo coro dos boçais escandindo: Pu-ta, pu-ta, pu-ta.
> Entre esses boçais, houve aqueles que explicaram o acontecido como um justo protesto contra a inadequação da roupa da colega. Difícil levá-los a sério, visto que uma boa metade deles saiu das salas de aula com seu chapéu cravado na cabeça.
> Então, o que aconteceu? Para responder, demos uma volta pelos estádios de futebol ou pelas salas de estar das famílias na hora da transmissão de um jogo. Pois bem, nos estádios ou nas salas, todos (maiores ou menores) vocalizam sua opinião dos jogadores e da torcida do time adversário (assim como do árbitro, claro, sempre vendido) de duas maneiras fundamentais: veados e filhos da puta.
> Esses insultos são invariavelmente escolhidos por serem, na opinião de ambas as torcidas, os que mais podem ferir os adversários. E o método da escolha é simples: a gente sempre acha que o pior insulto é o que mais nos ofenderia. Ou seja, veados e filhos da puta são os insultos que todos lançam porque são os que ninguém quer ouvir.
> Cuidado: veado, nesse caso, não significa genericamente homossexual. Tanto assim que os ditos veados, por exemplo, são encorajados vivamente a pegar no sexo de quem os insulta ou a ficar de quatro para que possam ser usados por seus ofensores. Veado, nesse insulto, está mais para bichinha, mulherzinha ou, simplesmente, mulher.
> Quanto a filho da puta, é óbvio que ninguém acredita que todas as mães da torcida adversa sejam profissionais do sexo. Puta, nesse caso (assim como no coro da Uniban), significa mulher licenciosa, mulher que poderia (pasme!) gostar de sexo.
> Os membros das torcidas e os 700 da Uniban descobrem assim um terreno comum: é o ódio do feminino -não das mulheres como gênero, mas do feminino, ou seja, da ideia de que as mulheres tenham ou possam ter um desejo próprio.
> O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como assim? Simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a impudência de querer? Pois vamos lhe lembrar que sexo, para ela, deve permanecer um sofrimento imposto, uma violência sofrida -nunca uma iniciativa ou um prazer.
> A violência e o desprezo aplicados coletivamente pelo grupo só servem para esconder a insuficiência de cada um, se ele tivesse que responder ao desejo e às expectativas de uma parceira, em vez de lhe impor uma transa forçada.
> Espero que o Ministério Público persiga os membros da turba da Uniban que incitaram ao estupro. Espero que a jovem estudante encontre um advogado que a ajude a exigir da própria Uniban (incapaz de garantir a segurança de seus alunos) todos os danos morais aos quais ela tem direito. E espero que, com isso, a Uniban se interrogue com urgência sobre como agir contra a ignorância e a vulnerabilidade aos piores efeitos grupais de 700 de seus estudantes. Uma sugestão, só para começar: que tal uma sessão de Zorba, o Grego, com redação obrigatória no fim?
> Agora, devo umas desculpas a todas as mulheres que militam ou militaram no feminismo. Ainda recentemente, pensei (e disse, numa entrevista) que, ao meu ver, o feminismo tinha chegado ao fim de sua tarefa histórica. Em particular, eu acreditava que, depois de 40 anos de luta feminista, ao menos um objetivo tivesse sido atingido: o reconhecimento pelos homens de que as mulheres (também) desejam. Pois é, os fatos provam que eu estava errado.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Resposta

1 - Bom, acho que o primeiro ponto é comum.

2 – Qual é o real problema em ter virado celebridade? Concordo com Tiago em que ela conseguiu reverter à situação a seu favor. No primeiro momento foi acuada e se viu numa situação que teve que fazer um acordo com a escola e deixou o trabalho, agora ela ta conseguindo capitalizar a coação que vem sofrendo e não esqueça que ela é uma desempregada sem perspectiva de voltar a atuar na profissão que tinha escolhido. Pois, este estigma a impedirá pelo resto da vida de voltar a exercer o magistério.

3 – Engraçado é que neste momento professor tem que dá conta de tudo, da educação formal, da educação social e de dar exemplo, e os pais e as mães qual é o real papel deles na educação das crianças? Concordo com Mariana quando diz que as mães têm uma responsabilidade maior na educação, é referencial. Rafa, como é que crianças 5/6 anos viram esses vídeos que o YouTube só permite para maiores de 18 anos com login, foi ela quem levom para sala de aula pra mostrar?

4 – E por que sexualidade não seria subir ao palco e dançar como ela dançou? Em nenhum momento falei que as ações individuais são ações descoladas de uma estrutura macro, mas também sei o quanto a gente fica tentando controlar o estigma, através da manipulação da identidade real e virtual. E havendo “uma interação, uma interpretação e uma resignificação” ela não é objeto sexual, pois um objeto não sabe o que é e não tem prazer em sê-lo.

E por fim, questão do empoderamento, eu realmente não entendo por que as pessoas tendem a ver o empoderamento apenas político ou econômico. Segundo Paulo Freire empoderamento é: “pessoa, grupo ou instituição empoderada é aquela que realiza, por si mesma, as mudanças e ações que a levam a evoluir e se fortalecer. (VALOURA apud FREIRE)” A referida situação leva a fortalecimento das mulheres que fogem da linha machista de esconder o jogo por debaixo do pano e expõe sim a sua sexualidade. Empoderamento não é doação ou transferência, é conquista e avanço. E faço das minhas as palavras de Tiago: “ dizer que ela é ‘objeto’ é tirar da mulher qualquer capacidade de consciência dos seus atos.”

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A polêmica do "Troco"

Uma colega de trabalho diz: “Carol, preciso te mostrar uma coisa, usei seus argumentos na discussão de ontem à noite num aniversário de uma amiga.” Era o vídeo do “Troco” no qual a professora dançava a música “Toda enfiado”. Isso faz quase um mês e agora vem a tona toda a polêmica em torno da dança e a repercussão que o vídeo no You Tube causou na vida desta mulher.

Qual é o problema dela dançar daquele jeito? É o fato de ser professora de educação infantil ou ser uma mulher que se utilizou explicitamente da sexualidade?

A linha de raciocínio e a argumentação que as pessoas utilizam e justificam a punição/coação do comportamento da professora são falhos por que tratam da mesma forma a mulher. Como um agente cultural subjugado unicamente a estruturação social, as questões individuais de escolha tem ou deveriam estar condicionadas àquilo que a sociedade espera dela (mulher).

E o que é que a sociedade espera de uma mulher? Os machistas esperam que sejam dóceis, subservientes, moralistas, contidas sexualmente, emotivas, “difíceis” (aos avanços masculinos); umas correntes feministas esperam que seja politizadas, masculinizadas e dessexualizadas; outras correntes conseguem perceber a mulher como um ser sexual.

Então por que causou tanta polêmica esse vídeo no YouTube?

Segue alguns dos argumentos dos quais ouvi:

1 – “Mas ela é uma professora de educação infantil.”

Pergunto: Ela dançou na sala de aula? Dançou pra crianças ou estava ensinando-as a dançar?

2 – “Não sei onde vai parar, daqui a pouco o povo vai trepar no palco e será permitido por que é uma dança.”

Pergunto: desde quando ritmos e danças sexuais são privilegio do século XXI ou se restringe a ritmos como o pagode baiano e o funk carioca?

Pare para observar um pouco mais: todas as danças remetem ao sexo. Perceba a movimentação dos quadris no forró (tão dançado), até mesmo na valsa, no bolero, no samba de gafieira, zouk, lambada e etc...

A grande infelicidade desta jovem foi fazer isso num momento em que ter celular com câmera e disponibilizar conteúdo na internet virou febre. Contudo, percebo na forma como esta se colocando o quanto está sendo coagida, tanto que se mudou do bairro e fez acordo com a escola, deixando o trabalho e tirando a filha de lá.

Gostaria que ela tivesse consciência da sexualidade e do emponderamento que é ser dona do seu corpo e usufruir da melhor forma que lhe convier. Ou seja, não cabe a mim ou a qualquer outra pessoa julgar o fato dela dançar semi-nua no palco, mesmo que esta dança tenha um “q” de sexual, cabe a ela sentir-se bem com isso e não coagi-la a ponto de justificar-se de que não estava no seu estado normal. Por que uma mulher não pode quer exibir seu corpo, qual o problema disso? E por que isso causa demissão? A vida pessoal não interferia no seu trabalho.

E se fosse homem? Será que teria chegado a gerar essa polêmica?

Fico por aqui com estes questionamentos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Coisas que chegam no E-mail.

1.-) Conto de fadas para mulheres do séc. 21

Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:

- Você quer casar comigo?

Ele respondeu:

- NÃO!

E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros rapazes ,transou bastante, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava nela.

O rapaz ficou barrigudo, careca, o pinto caiu, a bunda murchou, ficou sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.

FIM!!!

(Luís Fernando Veríssimo)



2.-) Conto de fadas para mulheres do séc. 21

Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.

Então, a rã pulou para o seu colo e disse: - Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Mas uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre...

E então, naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava: - Nem fo...den...do!

FIM!!!

(Luís Fernando Veríssimo)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Quando a espontaneidade vai embora.

As pessoas já não se cumprimentam mais como outrora. O “oi” soa frio e distante. As conversas são burocráticas. Os relacionamentos estanques.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Parte do Projeto de Monografia

Com a revolução sexual algumas mudanças aconteceram. As mulheres queimaram os sutiens e se disseram livres do julgamento machista, discursaram contra a sociedade falocrática e, conseqüentemente, contra a submissão feminina. Conquistaram voz política; com a difusão da pílula anticoncepcional possibilitou uma liberalidade nas condutas sexuais, desvinculou a figura feminina dos papéis exclusivos de mães e esposas. As mulheres saíram de casa e foram para o mercado de trabalho, subiram até os altos postos e concorrem diretamente com os homens.

Entretanto, a sexualidade feminina e o uso que a mulher faz do seu corpo não teve a liberdade tão reivindicada. Mesmo sabendo que mudanças sociais e morais aconteceram frente às mudanças sociais e econômicas das mulheres, estas não obtiveram o patamar de igualdade ovacionado, principalmente nas questões relativas ao uso da sexualidade, e produziu um outro viés de condutas femininas, ligadas a uma moral feminista, falo de correntes anti-sexo, que estigmatiza a sexualidade feminina tanto quanto o machismo, levando em consideração o modo como vêem o uso do corpo e a exposição da sexualidade. O discurso feminista não acabou por criar outras formas de repressão sexual?

O discurso feminista, em muitos momentos, pode acabar aprisionando a sexualidade tanto quanto o machismo, porque também impõe rígidas regras de conduta para a mulher. Não dançar músicas que tragam nas suas letras forte conotação sexual, que tratem da sexualidade de forma aberta, que fale de sexo com ou sem metáforas. A sexualidade feminina não deve ser exposta em lugares públicos através do rebolado dos quadris. Neste discurso, o comportamento feminino ligado à exploração da beleza ou que remeta a uma “sexualidade” do corpo ou a exibição do mesmo não deve ser valorizado. Todas essas formas de expressão da sexualidade seriam interditadas, pois seria resultado de uma “objetificação” da mulher. A mulher que se sujeitasse a tal comportamento é então muito comumente classificada como “alienada”, “vitimizada”, ou “machista”.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Imersa no cotidiano.

Levantar às 06h30min, tomar banho gelado/acordar, vestir a roupa, colocar o sapato, passar creme nos cabelos, penteá-los, passar batom, passar pomada nos olhos.

Tomar café da manhã, pão e leite. Sair 07h30min, andar até a Vasco, pegar ônibus, viajar até o CAB.

Chegar ao trabalho. Ligar PC, o ar-condicionado, dar bom dia, de preferência sorrindo. Ler e-mails, ler jornal, checar as atividades e entregas do dia. Executar.

Beber água nos intervalos. Uma hora pra almoçar.

Atender telefonemas. Responder questionamentos. Não pensar.

18h00min caminhar até o ponto, pegar ônibus lotado. Chegar a casa às 19h30min, trocar de roupa, começar as tarefas domésticas.

Lavar pratos do Café da manhã. Varrer o quarto, limpar a janela, lavar roupa. Colocar o lixo pra fora. Tomar banho. Comer. Dormir. Sonhar para divertir.

São cinco dias por semana, nos outros dois durmo para esquecer que não fui...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Na passagem...

Sentada na janela no ônibus a observar a paisagem, os carros e a lentidão do trânsito na Avenida, ao fundo os prédios que invadem a mata Atlântica e entre o eles o que restou de verde na cidade, como numa moldura de um quadro qualquer, a oposição do concreto e da vegetação. O duro/frio e o belo/vivo.

As emoções sentidas também se assemelham a essa oposição. A dor e a felicidade. A realização e o descontentamento, a proximidade e a distância.

A menina já não dança mais... Nem mesmo sorri... Só há choro no rosto, vazio no coração e palavras no pensamento.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A galinha violentada

Verão. O galinheiro está ocupado por um jovem casal de frangos, recém chegados na cidade do interior. Tudo corria normalmente, comida farta, espaço limpo e arejado. Contudo, numa certa manhã em que ameaçava uma chuva de verão, breve, mas devastadora, a jovem cuidadora encontra algo errado no galinheiro.

A galinha, que ainda era franga, se encontra ferida, o pescoço está diferente falta-lhes penas na região e está sangrando. Angustiada com aquela situação procura ajuda, liga imediatamente para um profissional que pudesse ajudar a tratar daquele ferimento e a encontrar uma explicação para tal horror.

A primeira suposição para o caso, dada pelo veterinário, é do ferimento ter sido provocado pelo cachorro, “a galinha deve ter saído do poleiro e ido dar uma voltinha pelo quintal e o cachorro deve tê-la ferido.” Punição pela cerca pulada? Suposição aceita, “não teria outra explicação” – pensou a jovem. Não havia no aconchegante lar das aves nenhum instrumento que pudesse causar aquele tipo de ferimento.

Medicou a franga convalescente, tratou de trancar bem o galinheiro para que ela não pudesse cometer o erro novamente, e não se preocupou.

Na manhã seguinte, quando acorda para trocar a água e colocar comida percebe que o ferimento aumentou. “Como poderia ter acontecido isso?” Perguntou-se. Verificara, estava tudo muito bem fechado, a altura do portão não possibilitava transposição com a potência que esta espécie tem nas asas e, além do mais, deixou o cachorro amarado. Saiu para buscar a medicação, quando retornou, o susto. Presencia o momento de violência, o desmascarou o agressor, o frango. O frango estava agredindo, oprimindo e violentando a galinha, física e psicologicamente, fazendo o uso da sua força para obter, ou tentar obter, vantagens sexuais.

Como agir nessa situação, pensou a moça em estado de espanto. Como poderia acontecer tal fato dentro do mundo animal? Consternada de pensar na incompatibilidade libidinal entre o casal, provocando o desajuste.

Afastou a vítima de seu agressor, impossibilitando desta forma a repetição tal ato. Era necessário que esperar o momento da franga que não se sentiu preparada para tamanha responsabilidade.

Pobre cachorro que outrora recebera a culpa.



Observação: Este texto encontra-se inacabado.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Velhos Papéis

Mais uma vez a mulher adultera é punida. Dedina personagem("Uma mulher bonita,intelectualizada e cosmopolita,que trabalha como professora e é casada com Elias. Aparenta ter uma boa estrutura emocional, mas na verdade é bastante desequilibrada1. Foi criada em uma cidade grande, por isso tem dificuldade em se adaptar a Triunfo”)2 da novela A Favorita está sedo punida, pelo autor da trama, por ter traído o seu marido, Elias, Prefeito da fictícia cidade de Triunfo, primeiro indo morar nas ruas, sofrendo uma tentativa de estupro, descobre uma doença gravíssima no coração que a levará, consequentemente, a morte. Que moral é essa que continuará punido mulheres por um suposto comportamento desviante?
Em pleno século 21 o grande formador de opinião como autor de novela de uma emissora como a Rede Globo, pelo alcance que tem dentro da sociedade brasileira, pelo caráter influenciador nas vidas das pessoas, continua utilizando artifícios da ficção para punição feminina, estratégia muito usada entre o final do século 19 e inicio o século 20. Para exemplificar basta lembra do livro de Eça de Queiroz, Primo Basílio, no qual Luiza, personagem principal tem um relacionamento extra-conjugal com seu primo Basílio. No desenrolar da trama Luiza sofre todo o tipo de humilhação, pela empregada, Juliana, que a chantagia e a submete a um regime de “semi-escravidão”. E posteriormente uma “auto punição” ficando doente, doença que levaria a abreviação da vida, num ato punitivo pelo “crime” cometido: adultério.

A história de Dedina, personagem contemporânea, não diverge da personagem Realista de Eça, a punição social é a mesma para as duas: a morte. Anulação plena da sexualidade.











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1 Outro conceito arcaico no engessamento da sexualidade feminina é dizer que a mulher é desequilibrada emocionalmente, rememorando a história é claro que no momento em que a atividade hormonal feminina sobe, ou seja, no início da adolescência, muitas mulheres eram obrigadas a casar para controlar os humores.
2 Acessado em 06/01/2009