quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A galinha violentada

Verão. O galinheiro está ocupado por um jovem casal de frangos, recém chegados na cidade do interior. Tudo corria normalmente, comida farta, espaço limpo e arejado. Contudo, numa certa manhã em que ameaçava uma chuva de verão, breve, mas devastadora, a jovem cuidadora encontra algo errado no galinheiro.

A galinha, que ainda era franga, se encontra ferida, o pescoço está diferente falta-lhes penas na região e está sangrando. Angustiada com aquela situação procura ajuda, liga imediatamente para um profissional que pudesse ajudar a tratar daquele ferimento e a encontrar uma explicação para tal horror.

A primeira suposição para o caso, dada pelo veterinário, é do ferimento ter sido provocado pelo cachorro, “a galinha deve ter saído do poleiro e ido dar uma voltinha pelo quintal e o cachorro deve tê-la ferido.” Punição pela cerca pulada? Suposição aceita, “não teria outra explicação” – pensou a jovem. Não havia no aconchegante lar das aves nenhum instrumento que pudesse causar aquele tipo de ferimento.

Medicou a franga convalescente, tratou de trancar bem o galinheiro para que ela não pudesse cometer o erro novamente, e não se preocupou.

Na manhã seguinte, quando acorda para trocar a água e colocar comida percebe que o ferimento aumentou. “Como poderia ter acontecido isso?” Perguntou-se. Verificara, estava tudo muito bem fechado, a altura do portão não possibilitava transposição com a potência que esta espécie tem nas asas e, além do mais, deixou o cachorro amarado. Saiu para buscar a medicação, quando retornou, o susto. Presencia o momento de violência, o desmascarou o agressor, o frango. O frango estava agredindo, oprimindo e violentando a galinha, física e psicologicamente, fazendo o uso da sua força para obter, ou tentar obter, vantagens sexuais.

Como agir nessa situação, pensou a moça em estado de espanto. Como poderia acontecer tal fato dentro do mundo animal? Consternada de pensar na incompatibilidade libidinal entre o casal, provocando o desajuste.

Afastou a vítima de seu agressor, impossibilitando desta forma a repetição tal ato. Era necessário que esperar o momento da franga que não se sentiu preparada para tamanha responsabilidade.

Pobre cachorro que outrora recebera a culpa.



Observação: Este texto encontra-se inacabado.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Velhos Papéis

Mais uma vez a mulher adultera é punida. Dedina personagem("Uma mulher bonita,intelectualizada e cosmopolita,que trabalha como professora e é casada com Elias. Aparenta ter uma boa estrutura emocional, mas na verdade é bastante desequilibrada1. Foi criada em uma cidade grande, por isso tem dificuldade em se adaptar a Triunfo”)2 da novela A Favorita está sedo punida, pelo autor da trama, por ter traído o seu marido, Elias, Prefeito da fictícia cidade de Triunfo, primeiro indo morar nas ruas, sofrendo uma tentativa de estupro, descobre uma doença gravíssima no coração que a levará, consequentemente, a morte. Que moral é essa que continuará punido mulheres por um suposto comportamento desviante?
Em pleno século 21 o grande formador de opinião como autor de novela de uma emissora como a Rede Globo, pelo alcance que tem dentro da sociedade brasileira, pelo caráter influenciador nas vidas das pessoas, continua utilizando artifícios da ficção para punição feminina, estratégia muito usada entre o final do século 19 e inicio o século 20. Para exemplificar basta lembra do livro de Eça de Queiroz, Primo Basílio, no qual Luiza, personagem principal tem um relacionamento extra-conjugal com seu primo Basílio. No desenrolar da trama Luiza sofre todo o tipo de humilhação, pela empregada, Juliana, que a chantagia e a submete a um regime de “semi-escravidão”. E posteriormente uma “auto punição” ficando doente, doença que levaria a abreviação da vida, num ato punitivo pelo “crime” cometido: adultério.

A história de Dedina, personagem contemporânea, não diverge da personagem Realista de Eça, a punição social é a mesma para as duas: a morte. Anulação plena da sexualidade.











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1 Outro conceito arcaico no engessamento da sexualidade feminina é dizer que a mulher é desequilibrada emocionalmente, rememorando a história é claro que no momento em que a atividade hormonal feminina sobe, ou seja, no início da adolescência, muitas mulheres eram obrigadas a casar para controlar os humores.
2 Acessado em 06/01/2009