Mais uma vez a mulher adultera é punida. Dedina personagem("Uma mulher bonita,intelectualizada e cosmopolita,que trabalha como professora e é casada com Elias. Aparenta ter uma boa estrutura emocional, mas na verdade é bastante desequilibrada1. Foi criada em uma cidade grande, por isso tem dificuldade em se adaptar a Triunfo”)2 da novela A Favorita está sedo punida, pelo autor da trama, por ter traído o seu marido, Elias, Prefeito da fictícia cidade de Triunfo, primeiro indo morar nas ruas, sofrendo uma tentativa de estupro, descobre uma doença gravíssima no coração que a levará, consequentemente, a morte. Que moral é essa que continuará punido mulheres por um suposto comportamento desviante?
Em pleno século 21 o grande formador de opinião como autor de novela de uma emissora como a Rede Globo, pelo alcance que tem dentro da sociedade brasileira, pelo caráter influenciador nas vidas das pessoas, continua utilizando artifícios da ficção para punição feminina, estratégia muito usada entre o final do século 19 e inicio o século 20. Para exemplificar basta lembra do livro de Eça de Queiroz, Primo Basílio, no qual Luiza, personagem principal tem um relacionamento extra-conjugal com seu primo Basílio. No desenrolar da trama Luiza sofre todo o tipo de humilhação, pela empregada, Juliana, que a chantagia e a submete a um regime de “semi-escravidão”. E posteriormente uma “auto punição” ficando doente, doença que levaria a abreviação da vida, num ato punitivo pelo “crime” cometido: adultério.A história de Dedina, personagem contemporânea, não diverge da personagem Realista de Eça, a punição social é a mesma para as duas: a morte. Anulação plena da sexualidade.
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1 Outro conceito arcaico no engessamento da sexualidade feminina é dizer que a mulher é desequilibrada emocionalmente, rememorando a história é claro que no momento em que a atividade hormonal feminina sobe, ou seja, no início da adolescência, muitas mulheres eram obrigadas a casar para controlar os humores.
2 Acessado em 06/01/2009