quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Resposta

1 - Bom, acho que o primeiro ponto é comum.

2 – Qual é o real problema em ter virado celebridade? Concordo com Tiago em que ela conseguiu reverter à situação a seu favor. No primeiro momento foi acuada e se viu numa situação que teve que fazer um acordo com a escola e deixou o trabalho, agora ela ta conseguindo capitalizar a coação que vem sofrendo e não esqueça que ela é uma desempregada sem perspectiva de voltar a atuar na profissão que tinha escolhido. Pois, este estigma a impedirá pelo resto da vida de voltar a exercer o magistério.

3 – Engraçado é que neste momento professor tem que dá conta de tudo, da educação formal, da educação social e de dar exemplo, e os pais e as mães qual é o real papel deles na educação das crianças? Concordo com Mariana quando diz que as mães têm uma responsabilidade maior na educação, é referencial. Rafa, como é que crianças 5/6 anos viram esses vídeos que o YouTube só permite para maiores de 18 anos com login, foi ela quem levom para sala de aula pra mostrar?

4 – E por que sexualidade não seria subir ao palco e dançar como ela dançou? Em nenhum momento falei que as ações individuais são ações descoladas de uma estrutura macro, mas também sei o quanto a gente fica tentando controlar o estigma, através da manipulação da identidade real e virtual. E havendo “uma interação, uma interpretação e uma resignificação” ela não é objeto sexual, pois um objeto não sabe o que é e não tem prazer em sê-lo.

E por fim, questão do empoderamento, eu realmente não entendo por que as pessoas tendem a ver o empoderamento apenas político ou econômico. Segundo Paulo Freire empoderamento é: “pessoa, grupo ou instituição empoderada é aquela que realiza, por si mesma, as mudanças e ações que a levam a evoluir e se fortalecer. (VALOURA apud FREIRE)” A referida situação leva a fortalecimento das mulheres que fogem da linha machista de esconder o jogo por debaixo do pano e expõe sim a sua sexualidade. Empoderamento não é doação ou transferência, é conquista e avanço. E faço das minhas as palavras de Tiago: “ dizer que ela é ‘objeto’ é tirar da mulher qualquer capacidade de consciência dos seus atos.”

6 comentários:

  1. citando: "pessoa, grupo ou instituição empoderada é aquela que realiza, por si mesma, as mudanças e ações que a levam a evoluir e se fortalecer"

    e como se fortaleceu neste episódio a "indivídua": vai emporar-se economicamente. Ganhará notoriedade como jamais ganharia na sua profissão original, tão "importante" e "valorizada".

    Desaparecerá assim como apareceu, mas aparecer é o que "realmente importa", neste nosso momento em que só acreditamos no "que passa na televisão".

    A educação não passa! A educação não existe.

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  2. Já deu pra perceber, claramente, que temos posições diferentes.

    A única questão pra mim reside no fato de que a mulher quando se sujeita ou quer se enquadrar naquele tipo de comportamento, na minha opinião, está corroborando com outro tipo de papel social destinado à mulher, apenas objeto de desejo sexual, quase que reduzida a isso. É importante que se pense nisso. Se o mundo não é apenas estrutura, ele é estrutura também.

    Concordo, entretanto, que ela pode ressignificar tal papel social, colocando-o a partir de sua perspectiva. Talvez isso fosse uma estratégia de empoderamento coletivo, caso venha a se enraizar.

    Sem querer falar especificamente da professora, já que estamos falando de coisas muito mais amplas, ouso afirmar que a maioria das mulheres, no entanto, se adequam a esse padrão social mais por causa das práticas enraizadas (o seu papel na sociedade) do que por uma questão de ressignificação (os homens são os expectadores ou ficam nas mesas conversando enquanto as mulheres são aquelas que utilizam o corpo para fins sensuais) (Sei que isso já não é tanto assim, mas o comportamento geral prevalece. A divisão sexual dos comportamentos é algo que está incrustrada inclusive em movimentos sociais, vide o caso do movimento estudantil, quando os homens se dedicavam a pensar a questão intelectual, enquanto as mulheres ficavam com os afazeres manuais, ligadas à confeção de cartazes, etc.); ou as mulheres se adequam ao padrão por uma questão de empoderamento individual e pontual, visto que no momento ela se sente sexualmente desejada.

    Não tenho nada contra o prazer instântaneo e/ou a liberdade de se fazer o que quiser, sem ter o risco de ser chamada de "puta". Obviamente, isso é um absurdo.

    Em geral, minha crítica é mais à privatização, individualização e instantâneidade das ações do que a outra coisa. Também não acho que todas as ações devam ser engajadas politicamente, pois precisamos de liberdade para respirar. No entanto, grupos oprimidos, infelizmente, devem ter mais cuidado com suas ações, de modo que não desconstruam conquistas prévias.

    Sei que estou repetindo minha opinião e que, provavelmente, haverá discordâncias, mas senti necessidade de tentar esclarecer um pouco melhor, para que não fique parecendo uma crítica puramente moralista. Na verdade, nem eu sei mais se compreendi o que escrevi, mas segue... rs Talvez tenha ficado parecido demais com "a vanguarda do proletariado", mas estou numa fase bastante marxista. rs

    No mais, tenho que confessar que a maioria, senão todos, os comentários que ouvi sobre a professora na rua, academia, etc., foram de cunho machista e profundamente moralista.

    Forte abraço.

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  3. * confecção

    PS: Percebam que a crítica não é à professora, mas ao papel social destinado às mulheres na divisão sexual do trabalho e dos comportamentos.

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  4. Bem,

    Acho que Rafa realmente repetiu o que tinha dito antes, e que se eu for responder vou repetir também coisas que já foram debatidas no outro post.
    Não acho possível reprodução sem resignificação.
    Não acho que na utopia de um mundo não machista as mulheres e os homens não exerceriam papeis puramente sexuais em determinados momentos.
    Mas esse exercer simplesmente não seria condenável, nem rebaixaria moralmente a mulher, enquanto glorifica o homem.

    Na utopia (já que Rafa está na fase marxista, hehehehe)
    O cara dos sungas que faz strip-tease no palco seria visto tanto quanto a mulher do tudo-enfiado. E AMBOS seriam vistos como pessoas tão dignas como quaisquer outras.

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  5. Chega de repetições, mas apenas uma pergunta: ressignificar garante a subverção do papel social?

    Prometo que não encho mais o saco... rs

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  6. Rafa, depende do que você chama de subversão. Se for uma "negação", aí a resposta é NÃO. Não garante de jeito nenhum.
    Mas se "subverter" significa por exemplo, agir sob uma autoridade ao mesmo tempo em que a transforma, sim.

    Mas o mais importante disso é que este conceito aprofunda a questão, e combate a idéia do indivíduo como marionete sem tirar a estrutura da jogada.

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