quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Americanah: Percursos de Leitura_3

O debate mais importante do livro é a questão do racismo. O tema passa ser central após a chegada de Ifemelu aos EUA. Nesse momento ela se depara com a questão da raça, ela passa a ter uma cor, e dentro da sociedade norte americana essa cor está no degrau mais baixo. Ela percebe mas não externaliza isso, só nas reuniões com o grupo de alunos africanos, onde fica claro que há uma distinção no fato de ser uma negra/o africana/o ou ser um afro-americana/o. Seria uma hierarquia de negritude? A questão do racismo passa a ser central principalmente após a criação do blog. Este espaço será o primeiro onde colocará as impressões sobre a sociedade americana. Situações que já marcavam o livro anteriormente como no caso de sua Tia Uju, em que a chegada aos EUA tinha afetado drasticamente a sua autoestima: médica, gozando de uma boa condição econômico-financeira, se vê obrigada a deixar a Nigéria após a morte do amante general. Para a obtenção da licença para trabalhar como médica passa por um doloroso percurso de rotina tripla/quadrupla já que tem um filho pequeno e precisa trabalhar para reproduzir-se materialmente. Essa situação fará Tia Uju se submeter, baixar a cabeça, tentar se inserir de uma forma a ser minimamente notada e mesmo assim passará por situações de discriminações absurdas: como a negativa de pacientes em serem atendidos por ela, para ficar em apenas um exemplo.

Claro que o debate se intensifica quando Ifemelu passa a namorar um rapaz afro-americano e a partilhar do seu universo. Não é que quando namorava o cara branco ela não percebia o racismo, percebia mas não encontrava um ambiente propicio de troca de experiências. Isso só se tornou possível após o blog e o namoro com Blaine.


O que ficou claro no livro é como o racismo estrutural é muito parecido no Brasil e EUA, infelizmente. Nossa sociedade é tão racista quanto a americana e tentamos negar isso o tempo todo.


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